Quem sou eu

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Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completo quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doido. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo. - Clarice Lispector

epifania

Ouviu pela janela o vento zunir entre os galhos secos e deu-se conta que a chama estava se apagando. Eram três horas da manhã e ainda estava acordado, procurando no silêncio traduzir sua agonia. O inverno dentro de si, estendia-se até suas mãos que travadas não conseguiam escrever palavra qualquer. A insônia assim como o frio instalou-se naquele quarto, e fizeram-o lembrar alguns fatos que o levaram até ali. O gosto amargo das unhas roídas confundia-se ao gosto atônito de suas próprias escolhas. A vontade de sumir foi tão tão forte que por alguns segundos hesitou e sumiu, simplesmente sumiu, não estava mais naquele quarto muito menos em si, não conseguia pensar em nada, aquele instante foi o momento mais nirvânico que já vivera, nem percebeu que tudo aquilo aconteceu em poucos segundos...

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