Quem sou eu

Minha foto
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completo quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doido. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo. - Clarice Lispector

hibernar

Então o outono se despede e dá lugar ao inverno... É hora de hibernar, entorpecer os sentimentos à flor da pele, agora o sangue frio se confunde aos galhos nus. As folhas se foram, levaram consigo as cores lúdicas de um outono nostálgico... Ao acordar, quero café na cama, sentir o cheiro do crepúsculo matutino, do sol derretendo o gelo e aquecendo o plasma, florescendo uma primavera multicolorida.

No ciclo eterno das mudáveis coisas
Novo inverno após novo outono volve
À diferente terra
Com a mesma maneira.
Porém a mim nem me acha diferente
Nem diferente deixa-me, fechado
Na clausura maligna
Da índole indecisa.
Presa da pálida fatalidade
De não mudar-me, me infiel renovo
Aos propósitos mudos
Morituros e infindos.
(Ricardo Reis - Fernando Pessoa)

Nenhum comentário:

Postar um comentário