Quem sou eu

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Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completo quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doido. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo. - Clarice Lispector

Mais um outono...

Não há como disfarçar que nessa época do ano eu me sinto mais introspectivo ou simplesmente dissimular os sentimentos à flor da pele. Meu coração bate mais rápido. Os raios de sol que penetram entre os galhos de uma árvore, esquentam minha pele, aquecem o meu sangue e me fazem lembrar o abraço que eu nunca dei. O vento que me toca a pele é o mesmo vento que me sopra ao passado. Fechando os olhos eu consigo ver o trailer de um filme que não está mais em cartaz e até mesmo sentir o cheiro inconfundível daquela época, como o cheiro de um livro guardado na estante. O outono me domina com um frio na barriga e um arrepio na espinha. Não me reconheço, é como se eu pudesse me apaixonar pela primeira vez... de novo.

"O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, sempre está. Falta apenas o golpe de graça - que se chama paixão."
Clarice Lispector em A Paixão Segundo G.H.

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