Não há como disfarçar que nessa época do ano eu me sinto mais introspectivo ou simplesmente dissimular os sentimentos à flor da pele. Meu coração bate mais rápido. Os raios de sol que penetram entre os galhos de uma árvore, esquentam minha pele, aquecem o meu sangue e me fazem lembrar o abraço que eu nunca dei. O vento que me toca a pele é o mesmo vento que me sopra ao passado. Fechando os olhos eu consigo ver o trailer de um filme que não está mais em cartaz e até mesmo sentir o cheiro inconfundível daquela época, como o cheiro de um livro guardado na estante. O outono me domina com um frio na barriga e um arrepio na espinha. Não me reconheço, é como se eu pudesse me apaixonar pela primeira vez... de novo.
"O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, sempre está. Falta apenas o golpe de graça - que se chama paixão."
Clarice Lispector em A Paixão Segundo G.H.
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